Como um vaso nas mãos do Oleiro.
(Jeremias 18:1-6)
1 A PALAVRA do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo:
2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
3 E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
4 Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
5 Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
O homem e a mulher são comparados aos vasos nas mãos do Oleiro que é o próprio Deus. Até a própria nação de Israel é comparada a um vaso que precisou ser quebrado pelas mãos do Oleiro.
O apóstolo Paulo citou os vasos algumas vezes em suas epístolas. Para ele, todas as pessoas eram ou poderiam vir a ser vasos bons ou ruins. Como em:
(Romanos 9:21-22).
21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
22 E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição;
O próprio apóstolo Paulo foi nomeado como um "vaso escolhido" pelo Senhor, lá em:
(Atos 9:15)
15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.
Entre as instruções do apostolo Paulo ao jovem líder Timóteo, (II Timóteo 2:21), lemos: "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra."
O que eram os vasos? Eram recipientes imprescindíveis no dia-a-dia, sendo usados para guardar desde líquidos até pergaminhos naquela época. Todas as pessoas precisavam deles. Da mesma forma, aprendemos que Deus precisa de nós. É estranho dizer que Deus possa precisar de algo ou de alguém, mas isto acontece porque ele mesmo decidiu nos usar em sua obra.
Quando Eliseu operou o milagre da multiplicação do azeite da viúva, ele pediu que se trouxessem muitas vasilhas vazias (II Reis 4). Se fosse hoje, traríamos muitas panelas de alumínio, ou de ferro, mas, naquele tempo, eram vasos de barro. O azeite só parou de jorrar quando os vasos acabaram. Embora Deus pudesse agir de tantas maneiras, ele decidiu usar os vasos que estivessem disponíveis. Assim também, ele deseja nos encontrar à sua disposição para que milagres aconteçam.
Nos tempos bíblicos existiam vasos de vários tipos, mas o mais comum era o de barro. Fazer um vaso de pedra seria muito difícil. Fazer um vaso de lama, seria impossível. O barro, porém, com sua consistência e flexibilidade, é o material ideal para o trabalho do oleiro. Deus deseja trabalhar em nosso caráter. Não podemos ser duros como a pedra, nem instáveis como a lama. Algumas pessoas são duras como a pedra, insensíveis, inflexíveis; Não perdoam, não se arrependem, não choram, não mudam, não aprendem. Costumam dizer: "Eu sou assim mesmo, e não vou mudar". Outras são inseguras, inconstantes como a lama, que só serve para sujar o lugar onde se encontra. Não podem ser moldadas nem contidas. Mudam de idéia rapidamente. Não têm propósito definido. São sempre imprevisíveis. Com a mesma rapidez com que se convertem, desviam-se.
O barro, entretanto, nas devidas porções de terra e água, torna-se matéria prima para que o oleiro realize sua arte com liberdade e satisfação. Precisamos aceitar o trabalho de Deus em nós, recebendo de bom grado o que sabemos ser a sua vontade para as nossas vidas. Não podemos rejeitar o que vem de Deus. Deixando de lado a murmuração, o questionamento e a rebeldia, aceitemos o trabalho do oleiro.
(Jeremias 18:2)
2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
O barro, que para muitos pode não ter valor, é visto de outra forma pelo oleiro, pois é nele que consegue vislumbrar o objeto que pode ser fabricado. Deus vê em nós tudo aquilo que podemos ser, desde que estejamos em suas mãos. No momento presente, talvez ainda não tenhamos a forma desejada pelo Senhor, mas, se nos deixarmos moldar, a obra iniciada será concluída, como em:
(Filipenses 1:6)
6 Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;
Assim como Deus tomou o barro e formou o primeiro homem, ele continua moldando o nosso caráter. O trabalho de suas mãos demonstra dedicação e carinho para conosco. O barro é amassado de todos os lados, recebendo a porção de água necessária para que sua flexibilidade seja mantida. Ele não pode endurecer no meio do processo. Quantas vezes nos sentimos amassados também? Somos atribulados, provados, pressionados. Estamos sendo moldados. É um processo de transformação para que sejamos o que o Senhor planejou para nós, ainda que não possamos compreender plenamente os seus métodos e propósitos. Nesse momento, as escórias são retiradas. Todo corpo estranho que houver no barro será removido. Assim também, Deus pode retirar de nós algo que não está lhe agradando. Pode doer.Podemos sentir falta, mas o resultado será muito melhor. O oleiro é soberano. Somente a sua vontade e o seu bom gosto são determinantes sobre a forma que o vaso terá, como em: (Jeremias 18:4). Não podemos exigir que Deus faça ou deixe de fazer algo. Como está em: (Isaías 45:9) 9 Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?
Algumas vezes o vaso se quebra durante a fabricação (Jeremias 18:4), ou pode ser que o próprio oleiro o quebre por não estar satisfeito com a sua forma. Em seguida, os pedaços são juntados e colocados novamente sobre as rodas. O Senhor não desiste de nós. Se cairmos e quebramos, ele nos dá outra oportunidade. Enquanto estivermos neste mundo, ainda podemos ser moldados, desde que estejamos nas mãos de Deus.
A pessoa que foge, rejeita o tratamento. Aqueles que desistem do evangelho e abandonam a igreja, estão resistindo à ação das mãos de Deus. Mas nunca deixam de estar ao seu alcance de Deus, mas esses podem não se tornar vasos para a honra.
Quando termina a fase de modelagem e o vaso se encontra na forma desejada pelo oleiro, começa a secagem. O vaso é colocado em algum lugar onde deverá ficar o tempo necessário. Ele não está sendo moldado nem utilizado. Parece que foi abandonado e esquecido, mas o oleiro sempre está atento. Não se preocupe. Pode parecer que tudo esteja concluído ou até mesmo perdido, mas não está.
Antes de ser utilizado, o vaso ainda precisa passar pelo fogo para adquirir resistência e impermeabilidade.
(I Pedro 4:12-13)
12 Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
13 Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.
Quantas vezes desejamos ser usados pelo Senhor! Queremos estar em constante atividade, mas somos colocados para esperar e passamos por tribulações inexplicáveis. Tudo faz parte do processo de formação.
Moisés, aos 40 anos, queria libertar o seu povo, mas precisou esperar outros 40. José foi vocacionado aos 17 anos, mas somente aos 30 começou a cumprir o seu chamado. Davi, ainda jovem, foi ungido rei de Israel, mas precisou esperar muitos anos para assumir o trono. Entre a vocação e o cumprimento da missão, existe um processo de preparação, sem a qual não estaremos aptos para fazermos o que Deus deseja. Não podemos determinar a duração dessa fase, mas temos certeza de que vai ocorrer.
O barro, que precisa ser maleável para ser moldado, não pode continuar flexível depois que ficar pronto. Por isso precisa passar pelo fogo. Quem se converte ao evangelho de Jesus Cristo não pode mais se converter a outra coisa, outra doutrina ou religião. Se já conhecemos o Senhor, precisamos ser resistentes a outros apelos ou às transformações propostas pelo mundo.
Todo vaso, por melhor que seja, não poderá ser usado se estiver sujo. Não podemos ser usados pelo Senhor para os melhores propósitos se estivermos contaminados. Por isso, precisamos viver em santificação. Se pecarmos, devemos nos arrepender e suplicar o perdão, pois somos remidos pelo precioso sangue de Jesus. O vaso precisa estar limpo, por dentro e por fora, como está em:
(Isaías 66:20)
20 E trarão a todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao SENHOR, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR; como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em VASOS LIMPOS à casa do SENHOR.
A lei de Moisés determinava que os vasos imundos fossem destruídos. Eram casos extremos de imundícies bem específicas. com está em:
(Levítico 15:12)
12 E o vaso de barro, que tocar o que tem o fluxo, será quebrado; porém, todo o vaso de madeira será lavado com água.
Os vasos da casa de Deus precisam estar purificados, santificados, idôneos e preparados para toda boa obra, como está em:
(II Timóteo 2:21)
20 Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.
21 De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.
E QUAL DEVE SER O CONTEÚDO DO VASO?
Na bíblia encontramos muitas referências aos vasos e ao seu conteúdo. Alguns são mencionados contendo água (Números 19:17), outros com azeite (I Samuel 10:1), vinho (Joel 3:13), perfume (Lucas 7:37), maná (Êxodo 16:33), vinagre (João 19:29), documentos (Jeremias 32:14) e coisas abomináveis (Isaías 65:4).
Qual deve ser o nosso conteúdo?
Do quê estamos cheios? Quantas vezes alguém se aproxima de nós esperando encontrar água e acha vinagre? Será que estamos cheios de pecado? Cheios de amargura, malícia, inveja?
Quem não confessa ou não perdoa, guarda o pecado em seu interior.
Para que sejamos usados pelo Senhor para a sua glória, precisamos renunciar a todo o mal que porventura estejamos carregando em nossos corações. Aquele que guarda o rancor deve perdoar. Assim, o vaso se esvazia do que é ruim e pode ser cheio com o que é bom, de modo que venha transbordar.
O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo sobre a purificação do vaso, em :
(II Timóteo 2:14-26)
14 Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.
15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
16 Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.
17 E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;
18 Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.
19 Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade.
20 Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.
21 De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.
22 Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.
23 E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas.
24 E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
25 Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,
26 E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.
O apóstolo Paulo se referia a algumas coisas que precisavam ser evitadas ou eliminadas: contenda (v.14); falatórios vãos (v.16), injustiça (v.19), desejos da mocidade (v.22) e questões insanas (v.23). É uma lista de pecados notórios. Entretanto, são práticas que ocupam o tempo das pessoas, ocupam o espaço no vaso que deveria estar cheio de preciosidades, como as recomendadas pelo apóstolo Paulo ao jovem Timóteo para que se enchesse com justiça, fé, amor, paz, mansidão, paciência e aptidão para ensinar (v.22 e 24).
Encontramos tantas referências bíblicas sobre os vasos, em tantas situações distintas, mas nenhuma delas apresenta o vaso com o propósito ornamental. Não encontramos vasos com plantas ou flores para enfeitar algum ambiente. Os vasos existem para o serviço. Eles precisam conter alguma coisa útil. O vaso não é apenas receptor, mas recipiente. Ele recebe, guarda, conserva e entrega no tempo certo. Devemos receber a palavra do Senhor em nossos corações. Pela ação do Espírito Santo, ela produzirá poder e unção que fluirá em nossas vidas.
Depois de tão difícil processo de formação, o vaso não pode cair. Se isso acontecer, poderá quebrar-se. Ainda que possa ser refeito, muito tempo será perdido e sua utilidade ficará reduzida. Assim acontece com aqueles que fracassam na vida cristã, tornando-se motivo de escândalo.
QUANDO A BÍBLIA NOS COMPARA AOS VASOS DE BARRO, ELA NOS EXORTA À HUMILDADE. O próprio termo "humildade" vem de "humus", palavra latina que significa "barro". Que cada um de nós veja a si mesmo de forma simples, sabendo que estamos nas mãos de Deus, dependentes da sua misericórdia.
Mais importante do que o vaso é o seu conteúdo:
(II Coríntios 4:7)
"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós".
Cristo habita em nós, e isto faz com que tenhamos um grande valor. Jamais podemos nos esquecer disso. Se fizermos algo de excelente no reino de Deus, terá sido pelos méritos de Jesus, que operou em nós de modo maravilhoso.
(Isaías 64:8).
8 Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos.
Coloque-se nas mãos do oleiro. Ele quer transformá-lo e usá-lo.